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Album Comemorativo da Viagem Presidencial aos Açores

Unknown Author
4.9/5 (24878 ratings)
Description:Da introdução de Francisco de Paula Dutra Faria:«AÇORES DE PORTUGALDeixaram de procurar suas angras as esquadras da India e do Peru, do Brasil e do México; as ilhas quedaram, de novo, isoladas do mundo, entre neblinas como antes do descobrimento, neblinas e úmidas florestas com teias de aranha, luzentes de orvalho, de tronco a tronco – mas habitadas, agora, por uma raça de gente sossegada e taciturna, honesta e predisposta para o trabalho, sangue português do melhor, temperado, na misteriosa fábrica das étnias, por algum sangue flandrino e até algum sangue mourisco, resultando, ao cabo, êsses homens sobre o loiro, sólidos e sérios, de uma gravidade sacerdotal, que arpoam a baleia, transformam em pomares os campos de lava, amorosamente fazem amadurecer o ananás nas estufas de S. Miguel e, se acaso emigram, logo, nas terras onde se fixam, se tornam estimados, obrando por igual prodígios de esforço nas Havaii ou nas Bermudas, nas indústrias de Boston, de Fall-River e de Providence ou nas «farms» e nos ranchos da Califórnia.A vida, nessas ilhas dos Açôres, não é, geralmente, difícil. Os milharais crescem alto, dando bom grão. O gado cria-se bem nas «criações» delimitadas por sebes de hortensias em flor. O mar é rico de peixes – e extraordinàriamente saborosos como a garoupa, a taínha, o bodião, a cavala. Com a excepção do Corvo nas ilhas também não faltam árvores para alimentar o fogo, predominando o incenso, a faia da terra, o pinheiro, o pau de tôda a obra, para não falar da rumania, do azevinho e do sanguinho, que desapareceram dos matos insulares, e do cedro indígena copado e rasteiro – de que ainda se encontram retalhos de bosque nas pastagens de S. Jorge e na caldeira da serra de Santa Bárbara daquela ilha que tem por nome Terceira e de onde os espanhóis de 500 – com Cervantes à cabeça – tiraram o nome das restantes, a tôdas em conjunto chamando «Islas Terceras». Mas nós íamos falando dos recursos do arquipélago... Ilhas há, na verdade, em que, uns anos por outros, falta o milho para o pão. Socorrem-se as populações, então, da castanha ou do inhame, que desdobra suas largas folhas aveludadas ao longo das ribeiras – e tempos houve já, segundo contava minha avó ao serão, em que se comeu bôlo de raiz de feto. Quanto a frutos têm os Açores, além do heráldico ananás, a banana, a nêspera, o araçá, o dióspiro, o coração de negro, não esquecendo a laranja, de que houve já grossa exportação, a tangerina, a pêra, a maçã, o marmelo, as ameixas sumarentas como nenhumas outras e as uvas, uvas deliciosas de biscoito, queimadas e requeimadas pelo sol e pela aragem que sopra do mar; – depois das vindimas, aí por meados de Setembro, é o vinho-de-cheiro», levemente espumoso, levemente picante e mais fresco do que água da fonte...Isto quanto a frutos. Agora quanto a virtudes do povo só direi que seriam as mesmas de todos os portugueses se porventura o isolamento não guardasse nuns o que a crescente facilidade das comunicações ia noutros irremediàvelmente estragando. Pelo que nós, açoreanos, de nós afoitamente podemos dizer, sem vaidade, talvez até com uma pontinha de mágoa, que somos hoje ainda os mesmos que éramos aqui há uns três ou quatro séculos atrás. Nem piores, nem melhores. E vem a-propósito narrar o que na ilha de Santa Maria me narraram...Falavam as pessoas idosas de um barco espanhol com cuja tripulação brigara a gente da ilha em determinado ponto da costa – «isso foi – calculavam as pessoas idosas – para aí no tempo dos nossos avós». Mas de investigação em investigação, de consulta de arquivo em consulta de arquivo, alguém chegou à conclusão de que o barco espanhol não podia ser outro senão aquêle em que Cristóvão Colombo voltava da primeira viagem às Américas...O tempo, na ilha de Santa Maria, passa devagar. Passa devagar em tôdas as outras ilhas do arquipélago. E mesmo de tal modo que é como se ainda existissem as coisas que deixaram de existir...Já não existe, por exemplo, aquela estátua eqüestre de pedra que – no testemunho de Damião de Góis – acharam os descobridores na ilha do Corvo, indicando o cavaleiro, com o braço estendido, o rumo, a direcção do continente americano. Mas é como se ainda existisse. E assim como foram açoreanos – segundo parece – os primeiros brancos a fixar-se ou tentar fixar-se nas novas terras do outro lado do Atlântico, assim hoje ainda os homens dos Açores obedecem ancestralmente, sem o saber, ao gesto imperativo do cavaleiro de pedra – e, se emigram, fazem-no em tal rumo, indo constituir outros arquipélagos dos Açores nas extensões do continente americano, arquipélagos – de espírito e não de rocha, não de negro e favado basalto como as ilhas originais – onde per- petuam a língua, os costumes e as virtudes, levando para lá, inclusivamente, as festas do Senhor Espírito Santo, com os «impérios», as «coroações», o «alfenim» das oferendas e até (os da Terceira) as «toiradas à corda».E digo «os da Terceira» porque, não havendo toiros nas outras ilhas, ...We have made it easy for you to find a PDF Ebooks without any digging. And by having access to our ebooks online or by storing it on your computer, you have convenient answers with Album Comemorativo da Viagem Presidencial aos Açores. To get started finding Album Comemorativo da Viagem Presidencial aos Açores, you are right to find our website which has a comprehensive collection of manuals listed.
Our library is the biggest of these that have literally hundreds of thousands of different products represented.
Pages
78
Format
PDF, EPUB & Kindle Edition
Publisher
Edições Portucale
Release
1942
ISBN

Album Comemorativo da Viagem Presidencial aos Açores

Unknown Author
4.4/5 (1290744 ratings)
Description: Da introdução de Francisco de Paula Dutra Faria:«AÇORES DE PORTUGALDeixaram de procurar suas angras as esquadras da India e do Peru, do Brasil e do México; as ilhas quedaram, de novo, isoladas do mundo, entre neblinas como antes do descobrimento, neblinas e úmidas florestas com teias de aranha, luzentes de orvalho, de tronco a tronco – mas habitadas, agora, por uma raça de gente sossegada e taciturna, honesta e predisposta para o trabalho, sangue português do melhor, temperado, na misteriosa fábrica das étnias, por algum sangue flandrino e até algum sangue mourisco, resultando, ao cabo, êsses homens sobre o loiro, sólidos e sérios, de uma gravidade sacerdotal, que arpoam a baleia, transformam em pomares os campos de lava, amorosamente fazem amadurecer o ananás nas estufas de S. Miguel e, se acaso emigram, logo, nas terras onde se fixam, se tornam estimados, obrando por igual prodígios de esforço nas Havaii ou nas Bermudas, nas indústrias de Boston, de Fall-River e de Providence ou nas «farms» e nos ranchos da Califórnia.A vida, nessas ilhas dos Açôres, não é, geralmente, difícil. Os milharais crescem alto, dando bom grão. O gado cria-se bem nas «criações» delimitadas por sebes de hortensias em flor. O mar é rico de peixes – e extraordinàriamente saborosos como a garoupa, a taínha, o bodião, a cavala. Com a excepção do Corvo nas ilhas também não faltam árvores para alimentar o fogo, predominando o incenso, a faia da terra, o pinheiro, o pau de tôda a obra, para não falar da rumania, do azevinho e do sanguinho, que desapareceram dos matos insulares, e do cedro indígena copado e rasteiro – de que ainda se encontram retalhos de bosque nas pastagens de S. Jorge e na caldeira da serra de Santa Bárbara daquela ilha que tem por nome Terceira e de onde os espanhóis de 500 – com Cervantes à cabeça – tiraram o nome das restantes, a tôdas em conjunto chamando «Islas Terceras». Mas nós íamos falando dos recursos do arquipélago... Ilhas há, na verdade, em que, uns anos por outros, falta o milho para o pão. Socorrem-se as populações, então, da castanha ou do inhame, que desdobra suas largas folhas aveludadas ao longo das ribeiras – e tempos houve já, segundo contava minha avó ao serão, em que se comeu bôlo de raiz de feto. Quanto a frutos têm os Açores, além do heráldico ananás, a banana, a nêspera, o araçá, o dióspiro, o coração de negro, não esquecendo a laranja, de que houve já grossa exportação, a tangerina, a pêra, a maçã, o marmelo, as ameixas sumarentas como nenhumas outras e as uvas, uvas deliciosas de biscoito, queimadas e requeimadas pelo sol e pela aragem que sopra do mar; – depois das vindimas, aí por meados de Setembro, é o vinho-de-cheiro», levemente espumoso, levemente picante e mais fresco do que água da fonte...Isto quanto a frutos. Agora quanto a virtudes do povo só direi que seriam as mesmas de todos os portugueses se porventura o isolamento não guardasse nuns o que a crescente facilidade das comunicações ia noutros irremediàvelmente estragando. Pelo que nós, açoreanos, de nós afoitamente podemos dizer, sem vaidade, talvez até com uma pontinha de mágoa, que somos hoje ainda os mesmos que éramos aqui há uns três ou quatro séculos atrás. Nem piores, nem melhores. E vem a-propósito narrar o que na ilha de Santa Maria me narraram...Falavam as pessoas idosas de um barco espanhol com cuja tripulação brigara a gente da ilha em determinado ponto da costa – «isso foi – calculavam as pessoas idosas – para aí no tempo dos nossos avós». Mas de investigação em investigação, de consulta de arquivo em consulta de arquivo, alguém chegou à conclusão de que o barco espanhol não podia ser outro senão aquêle em que Cristóvão Colombo voltava da primeira viagem às Américas...O tempo, na ilha de Santa Maria, passa devagar. Passa devagar em tôdas as outras ilhas do arquipélago. E mesmo de tal modo que é como se ainda existissem as coisas que deixaram de existir...Já não existe, por exemplo, aquela estátua eqüestre de pedra que – no testemunho de Damião de Góis – acharam os descobridores na ilha do Corvo, indicando o cavaleiro, com o braço estendido, o rumo, a direcção do continente americano. Mas é como se ainda existisse. E assim como foram açoreanos – segundo parece – os primeiros brancos a fixar-se ou tentar fixar-se nas novas terras do outro lado do Atlântico, assim hoje ainda os homens dos Açores obedecem ancestralmente, sem o saber, ao gesto imperativo do cavaleiro de pedra – e, se emigram, fazem-no em tal rumo, indo constituir outros arquipélagos dos Açores nas extensões do continente americano, arquipélagos – de espírito e não de rocha, não de negro e favado basalto como as ilhas originais – onde per- petuam a língua, os costumes e as virtudes, levando para lá, inclusivamente, as festas do Senhor Espírito Santo, com os «impérios», as «coroações», o «alfenim» das oferendas e até (os da Terceira) as «toiradas à corda».E digo «os da Terceira» porque, não havendo toiros nas outras ilhas, ...We have made it easy for you to find a PDF Ebooks without any digging. 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78
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Edições Portucale
Release
1942
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